O pai de Martinha era um homem público, eleito três vezes cônsul de Roma.
Ele pertencia a nobreza, era muito rico e cristão. Quando a menina nasceu, no
começo do século III, o acontecimento foi amplamente divulgado na corte, entre
o povo e pelos cristãos, pois a pequena logo foi batizada.
Martinha cresceu em meio à
essa popularidade, muito caridosa, alegre e uma devota fiel ao amor de Jesus
Cristo. Com a morte de seu pai a jovem recebeu de herança duas fortunas: uma
material, composta de bens valiosos e a outra espiritual, pois foi educada
dentro dos preceitos do cristianismo. A primeira, ela dividiu com os
necessitados assim que tomou posse da herança. A segunda foi empregada com
humildade e disciplina, na sua rotina diária de diácona da Igreja, na sua
cidade natal.
Desde o ano 222, o imperador
romano era Alexandre Severo, que expediu um decreto mandando prender os
cristãos para serem julgados e no caso de condenação seriam executados. Chamado
para julgar o primeiro grupo de presos acusados de praticar o cristianismo, o
imperador se surpreendeu ao ver que Martinha estava entre eles e tentou
afastá-la dos seus irmãos em Cristo. Mas ela reafirmou sua posição de católica
e exigiu ter o mesmo fim dos companheiros. A partir deste momento começaram os
sucessivos fatos prodigiosos que culminaram com um grande tremor de terra.
Primeiro Alexandre mandou que
fosse açoitada. Mas a pureza e a força com que rezou, ao se entregar à
execução, comoveram seus carrascos e muitos foram tocados pela fé. Tanto que,
ninguém teve coragem de flagelar a jovem. O imperador mandou então que ela
fosse jogada às feras, mas os leões não a atacaram. Condenada à fogueira, as
chamas não a queimaram. Martinha foi então decapitada. No exato instante de sua
a execução a tradição narra que um forte terremoto sacudiu toda cidade de Roma.
O relato do seu testemunho
correu rápido por todas as regiões do Império, que logo atribuiu à santidade de
Martinha, todos os prodígios ocorridos durante a sua tortura assim como o
terremoto, ocasionando um sem-número de conversões.
No século IV, o papa Honório
mandou erguer a conhecida igreja do Foro, em Roma, para ser dedicada à ela,
dando novo impulso ao seu culto por mais quatrocentos anos. Depois, as
relíquias de Santa Martinha ficaram soterradas e sua celebração um pouco
abandonada, durante certo período obscuro vivido pelo Cristianismo.
Passados mais quinhentos anos,
ou melhor, catorze séculos após seu martírio, quando era papa, o dinâmico
Urbano VIII, muito empenhado na grande contra-reforma católica e disposto a
conduzir o projeto de reconstrução das igrejas. Começou pela igreja do Foro,
onde as relíquias de Santa Martinha foram reencontradas. Nesta ocasião,
proclamou Santa Martinha padroeira dos romanos e ainda compôs hinos em louvor à
ela, inspirado na vida imaculada, da caridade exemplar e do seu corajoso
testemunho a Cristo.
A Igreja venera Martinha no dia 30 de
dezembro.
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