Hildegarda, descendente de nobre e riquíssima família alemã, nasceu
no castelo de Böckekheim, na bela região do rio Reno, em 1098. Como era o
costume na época, aos oito anos de idade foi entregue aos cuidados de
religiosas, mais especificamente da abadessa Jutta, do convento das monjas
beneditinas. Alí recebeu primeiros fundamentos dos ensinamentos de Cristo,
aprendendo o desapego que deveria ter com as coisas e vaidades mundanas.
Assim, depois de conhecer e
conviver na comunidade religiosa, Hildegarda pediu para ser aceita entre as
beneditinas, ingressando como noviça sem dificuldade alguma. Quando, em 1136 a
superiora Jutta morreu, a direção do mosteiro passou para as mãos de Hildegarda.
Além deste convento sob seu governo, ela fundou outros dois: em 1147 o de
Bingen e, em 1165 o de Eibingen, ambos na Alemanha.
Desde a infância ela
apresentava uma personalidade muito carismática e um alto grau de elevação
mística. Aos poucos, esses dons acabaram se manifestando como visões, definidas
por ela mesma como "lux vivens", ou seja, luz vivificante. Um dia,
Hildegarda ouviu uma voz superior, que ela identificou como do Espírito Santo,
ordenando-lhe que escrevesse todas as revelações que lhe eram feitas.
Apesar de não ser letrada,
Hildegarda acabou por desenvolver uma grande atividade literária. Por estes
dons, acabou adquirindo muito conhecimento sobre medicina e ciências naturais,
transmitidos depois por livros precisos que escreveu sobre essas matérias
reconhecidos cientificamente. Mas o seu talento enciclopédico se expressou em
particular no canto e música. Ela foi talvez a primeira mulher musicista da História
da Igreja católica.
O final de sua vida foi muito
sofrido e amargurado. Além de estar muito doente, ainda foi vítima de
injustiças e mentiras, devido ao seu rigor como superiora séria e disciplinada.
Aos oitenta e dois anos, no
dia 17 de setembro de 1179, Hildegarda morreu no seu convento de Bingen. Pôde,
finalmente, ir descansar ao lado do Senhor.
Esta mulher extraordinária,
mística beneditina, cientista, conselheira de bispos e imperadores, seguiu
influenciando a espiritualidade católica, mesmo depois de sua morte, através de
seus escritos, traduzidos em quase todas as línguas do mundo. Fazendo isto
desde a Idade Média até os nossos dias. No século XX, em 1921, ainda a
influência do seu carisma, inspirou a criação uma nova congregação, a das Irmãs
de Santa Hildegarda.
Com
a fama de sua santidade reconhecida ainda em vida, fez com que vigorasse um
culto expressivo e ininterrupto, mantido entre os fieis do mundo todo. O local
de sua sepultura tornou-se um dos centros de peregrinação mais visitado. Santa
Hildegarda teve a sua veneração litúrgica autorizada pela Igreja, para ser comemorada
no dia de sua morte, ou seja, dia 17 de setembro.
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