Efigênia ou Ifigênia, como
também é conhecida, de acordo com o livro de Jacobo de Vorágine, A Lenda
Dourada, era filha do rei etíope Eggipus. Segundo consta, esta ilustre família
real foi convertida pelo Apóstolo Mateus e quando o rei Eggipus morreu, o príncipe
reinante quis casar-se com Efigênia, que recusou tal pedido por desejar
entregar-se inteiramente a Deus.
Ela foi dedicada a Deus por Mateus,
o Evangelista. Quando Hirtacus sucedeu o pai da santa no poder, o então
soberano prometeu que daria metade de seu reino ao apóstolo caso persuadisse a
filha do falecido monarca a se casar com ele. Mateus, então, convidou o rei a
acompanhar a missa de domingo. Aproveitando que ele ali se encontrava,
explicou-lhe que não poderia permitir que a jovem virgem firmasse matrimônio
com ele, pois ela fora consagrada ao Senhor. Enfurecido, Hirtacus então mandou
seus homens matarem Mateus aos pés do altar, o que o transformou num mártir da
fé cristã.
Efigênia esperava também que lhe fosse dado segui-lo, na gloria do
Martírio, porque tendo rejeitado com firmeza a proposta do tirano de aceita-lo
como esposo, entendia que o castigo de tão virtuosa resistência havia de ser o
seu sangue derramado.
Entristecida com o mártirio de
São Mateus vendeu todos os seus bens e mandou construir um suntuoso templo em
honra do Apóstolo.
Ainda descontente com a morte
de Mateus, o tirano mandou por fogo no
Convento onde a santa Princesa residia com suas companheiras. As armas da
defesa que tomaram forma as orações: pediu a Deus, não a conservação de sua vida, mas o castigo de Hirtaco que
merecia, pela irreverência que fazia ao Sagrado Templo. Imediatamente com
assombro geral se extinguiu e desapareceu das paredes do Convento o artificioso
incêndio e por mão invisível se ateou fogo no Palácio do Tirano, uma chama tão
repentina e forte que em breve o palácio e o tempo foram reduzidos a cinzas,
deixando nele apenas as ruínas. Completando o castigo divino, o filho de
Hirtacus foi possesso pelo demônio e ele próprio contraiu lepra, vindo logo a
se matar.
Então, o povo aclamou o irmão
da santa como seu rei. Ele reinou por setenta anos e foi sucedido por seu
filho, que, por sua vez, mandou construir pela Etiópia muitas igrejas cristãs.
A morte para uma fiel esposa de Jesus Cristo é a união completa com o seu
bem amado. Para a gloriosa Santa Efigênia chegara o momento de unir-se ao seu
querido esposo. Como São Paulo ela havia combatido o bom combate. A semelhança
de Francisco de Assis ela só vivia para Jesus. Vivendo toda absorta em Deus, a
bem aventurada donzela teve do Céu um aviso, de que era chegado o tempo de
passar das trevas do mundo a claridade do Paraíso, feliz pátria dos justos!
Recebeu Efigênia esta noticia como a mais agradável e jubilosa alegria. Nada
mostrou de tristeza. Começou a dispor de tudo, até que uma aguda e mortal
enfermidade serviu para todas as suas companheiras de aviso de que a sua Mestra
e Prelada dentro em breve não mais seria deste mundo.
Já nas ultimas semanas de sua vida, a auréola dos Santos brilhava ao
redor de sua fonte. Recebeu toda a ternura e a devoção do Sagrado Viático.
Permaneceu absorta em contemplação durante todo o dia e como que inebriada por
esse sangue de Vida que pela ultima vez, na terra, acabava de haurir.
Exalou seu puríssimo espírito, tomando dele posse o Divino Esposo, para
colocar na Gloria. Um perfume suave a espalhou-se, imediatamente, por todo o
Convento. Ouvia-se nos ares, um coro de vozes celestiais, cantando as palavras:
"Abandonei o reino do mundo pelo amor do Nosso Senhor Jesus Cristo”
“Regnun Mundi contempsi, propter amorem Domini Nostri Jesus Chiristi”.
Sua
festa litúrgica é celebrada no dia 21 de setembro.
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