Santa Beatriz nasceu em Portugal em 1424, como Beatriz da
Silva Menezes, filha do Conde de Viana. Era, ainda, irmã do frade
franciscano Beato Amadeu da Silva.
Descendente de reis e neta de
senhor tão influente, foi desde cedo foi preparada para a vida na Corte,
tornando-se dama da infanta D. Isabel, Rainha de Castela e Leão, filha do infante
D. João, o penúltimo dos filhos do Rei D. João I de Portugal. Isabel era quatro
anos mais nova que Beatriz.
Ao que parece, Beatriz da
Silva seria uma jovem de grande beleza, conforme testemunha um relato da época
que dizia: “além de vir de sangue
real, era mui graciosa donzela e excedia a todas em formosura e gentileza”.
Em 1447, contava a infanta D.
Isabel dezenove anos, o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, regente do reino,
promoveu os seus noivados com João II de Castela, que então se achava viúvo.
Uma vez rainha, Isabel, ambiciosa, começou por afastar a influência do
todo-poderoso condestável de Castela, D. Álvaro de Luna, e não tardou a criar
intrigas na corte, algumas das quais envolvendo a jovem Beatriz, cuja beleza
não passara despercebida. Embora Beatriz fosse ama e confidente da rainha
Isabel, esta se sentiu enciumada da beleza de Beatriz, maquinando contra a sua vida.
Assim, segundo reza a lenda, Isabel
teria fechado Beatriz num estreito baú, onde eventualmente a falta de oxigênio
acabaria por ceifar-lhe a vida. Durante três dias andou desaparecida, até que o
seu tio, D. João de Menezes, que também se achava na corte, estranhando a sua
ausência, teria questionado a rainha sobre o paradeiro da sobrinha, tendo esta o
conduzido ao baú onde a encarcerara, certa de encontrar já um cadáver.
Para seu grande espanto,
Beatriz tinha sobrevivido – segundo se diz, por haver invocado a Virgem Maria,
tendo esta lhe aparecido e comunicado que a salvaria, se esta fundasse uma
ordem religiosa que celebrasse o mistério da Imaculada Conceição.
Beatriz acabou por perdoar à
rainha, que se arrependera, e retirou-se da Corte, ingressando num mosteiro em Toledo.
Aí viveu monasticamente, sem, contudo tomar as ordens sacras, preparando-se a
ela mesma, e a um pequeno grupo de outras monjas, para ingressar na nova ordem
que planeava fundar.
Não foi fácil criar a Ordem,
mas com o apoio da rainha Isabel, a Católica, filha da rainha portuguesa D.
Isabel, conseguiu enfim estabelecer a Ordem
da Imaculada Conceição, trajando de azul e branco (as cores de Nossa
Senhora da Conceição), destinado unicamente à contemplação.
Beatriz faleceu em Toledo três
anos mais tarde. Cedo ganhou fama de santa, sendo cultuada pelo povo mesmo
antes ainda de a Santa Sé a santificar. De fato, a Igreja Católica só a elevou
aos altares já no século XX, quando o Papa Pio XI, em 28 de Julho de 1926, lhe
reconhece o título de beata e aprova
enfim o culto que já lhe era devido, desde há muito, pelos leigos. Por fim, em 3
de Outubro de 1976, o Papa Paul VI canonizou-a,
declarando-a santa.
É
celebrada no dia 1 de Setembro, sendo particularmente reverenciada em Campo
Maior e Espanha,
onde instituiu a sua obra e faleceu; só aí se situam mais de 90 conventos da
Ordem, que conta com cerca de 120 casas monásticas espalhadas pela Europa e América
Latina.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário