São Roque (1295 – 1327)
é um santo da Igreja Católica Romana, protetor contra a peste e padroeiro dos
inválidos e cirurgiões. É também considerado por algumas comunidades católicas
como protetor do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido à
intercessão contra a peste, é grande sendo orago de múltiplas comunidades em
todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, ao
tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães. A sua festa celebra-se a
16 de Agosto.
Não existem grandes certezas
sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior parte dos seus dados
biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido,
já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de
família e não o nome de batismo. Era filho de um mercador rico. Estava ligada a
famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.
Diz a lenda que Roque teria
nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o
predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem,
sendo a sua educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal,
não concluindo os estudos.
Levando desde muito cedo uma
vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir
a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos
pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em
peregrinação a Roma.
No decorrer da viagem, ao
chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada
pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De
imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as
primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De
seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e
muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque
ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e
taumaturgo.
Depois de visitar Roma, onde
rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da
peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele
próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de
assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela
cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse
diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a
qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo
Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá
ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.
Miraculosamente curado,
regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que
alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer.
Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns
biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos,
só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.
Descoberta a cruz no peito, a
fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo
norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado
em casos de epidemia, popularizando-se como o protetor contra a peste e a
pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu
carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de
Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente
curada.
Não se conhece a data da
canonização, a qual terá sido por devoção popular e não por decisão
eclesiástica, como, aliás, era comum na época. A primeira decisão oficial da
Igreja sobre o culto a São Roque aconteceu em 1414, quando no decurso do
Concílio de Constança se declarou uma epidemia de peste. Levados pela fé
popular em São Roque, os padres conciliares ordenaram preces e procissões em
sua honra, tendo de imediato o contágio cessado.
O Papa Urbano VIII aprovou os
ofícios eclesiásticos para serem recitados a 16 de Agosto, dia da sua festa. O
papa Paulo III erigiu uma confraria (são
associações religiosas de leigos no catolicismo tradicional), sob a
invocação de São Roque, para administrar a igreja e o hospital construídos em
Roma durante o pontificado de Alexandre VI. A confraria cresceu rapidamente, de
tal forma que o papa Paulo IV a elevou a arquiconfraria, como a faculdade de
agregar outras confrarias da mesma invocação que tinham surgido noutras
cidades. A confraria tinha um cardeal protetor. Vários Papas concederam
privilégios a esta confraria, nomeadamente Pio IV (1561), Gregório XIII (1577)
e Gregório XIV (1591).
São Roque é geralmente representado em trajes de
peregrino, por vezes com a vieira típica dos peregrinos de Compostela, e com um
longo bordão do qual pende uma cabaça. Um dos joelhos é geralmente mostrado
desnudado, sendo visível uma ferida (bubão da peste). Por vezes é acompanhado
por um cão, que aparece a seu lado trazendo-lhe na boca um pão.
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