A virgindade consagrada a Deus
foi sempre tida em grande honra na igreja, que vê nela um dos grandes sinais de
doação a Deus. Renunciar aos atrativos da carne, sublimar os afetos mais caros
a uma mulher, como sua vocação à maternidade, é uma opção que somente Cristo
conseguiu obter.
Veridiana nasceu em 1182, nos arredores da cidade de Florença. O
nome desta santa em Florença é muito conhecido, pois está ligado ao presídio
feminino da cidade, que a tomou como protetora, por uma simples razão: por
muitos anos, Veridiana foi reclusa voluntária, como penitente e contemplativa.
Era filha de uma família
nobre, mas nunca se aproveitou dos seus títulos de nobreza, pensando com São
Paulo que dizia: “Mas o que era para mim
lucro eu o tive como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo eu considero
perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor” (Fl
3,7-9).
Sua inclinação era para a
piedade, a meditação das verdades divinas, e sua ocupação preferida era servir
aos pobres. Jovem inteligente foi aceita por um tio, rico comerciante, na
qualidade de administradora de seus negócios, que consistiam no comércio de
cereais no atacado.
A jovem, porém, tinha um tino
administrativo no sentido evangélico, que a levava a dar generosamente aos
pobres, a estes pobres que serão os amigos, que nos receberão no Reino de Deus.
Conta-se deste período de sua
vida um fato, em parte lendário, mas que define a caridade heróica de
Veridiana. Era um ano de grande escassez de víveres. Veridiana, certo dia,
distribuiu aos pobres os cereais que o tio se comprometera de vender. O
comprador veio buscar a mercadoria paga, mas esta não existia mais! A decepção
do tio foi grande, mas, perante as recriminações dele, Veridiana pediu o prazo
de um dia para recolocar toda a mercadoria no seu lugar. Ela passou a noite em
oração e em práticas de penitência e, na manhã seguinte, o tio encontrou
novamente o armazém cheio de cereais. A honra do tio foi salva; o freguês
também ficou satisfeito, mas quem mais se alegrou foi Veridiana ao ver seus
pobres famintos saciados!
Veridiana, porém, sentia que
sua vocação não era a de administradora; experimentava uma grande atração para
a vida solitária, de oração, contemplação e penitência. Deixou, então, o tio e
empreendeu o caminho laborioso, sacrificado e humilhante dos peregrinos, que
era um tanto moda, naquele tempo, para as almas penitentes.
Viajou ao santuário de
Santiago, em Compostela, na Espanha. A caminhada foi cheia de peripécias: foi
obrigada a viver de esmolas, expor-se a todas as intempéries, andar descalça.
Mas tudo aceitou, em espírito de penitência. Depois desta longa viagem,
peregrinou aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo. Seus pés andaram demais,
sua constituição física ficou abalada, e de volta à sua terra natal, em
Castelfiorentino fechou-se definitivamente numa cela construída ao lado duma
capela, dedicada a Santo Antão abade. Lá se entregou, por 34 anos, a uma vida
de solidão, de oração e de penitência. Seu alimento era pão e água, que umas
piedosas pessoas lhe ofereciam. Sua vida foi uma total consagração a Cristo e
aos irmãos a quem ajudou com conselhos e orações.
Faleceu
em 1242, e o povo a aclamou e venerou logo como santa, tendo sido construído um
belo templo no lugar da cela onde viveu em
memória e apelo aos valores espirituais e eternos que ela encarnou.
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